Escola de São José é referência na educação de surdos

A unidade, que conta com 780 alunos matriculados no ensino fundamental, oferece formação pedagógica diferenciada para 24 estudantes com algum grau de surdez.


Aceitar e aprender com as diferenças. Esse é um dos principais objetivos do projeto Escola Bilíngue para Surdos, da Emef Maria Aparecida dos Santos Ronconi, no Jardim Jussara, região central de São José dos Campos.

A unidade, que conta com 780 alunos matriculados no ensino fundamental, oferece formação pedagógica diferenciada para 24 estudantes com algum grau de surdez.

Neste projeto, os participantes aprendem Libras (Língua Brasileira de Sinais), escrita da língua portuguesa e são acompanhados por professores intérpretes em todas as aulas.

Além dos 13 docentes especializados, a escola conta ainda com duas salas de recurso para a educação especial. Uma delas só para libras.

“Nosso objetivo é ensinar o aluno com surdez a formar textos completos para se expressar e não somente aprender palavras soltas”, explicou a orientadora pedagógica, Eliane Cristina de Oliveira, que acompanha o projeto desde sua implantação em 2011.

“Para isso, é preciso acompanhar um a um, desenvolvendo atividades de acordo com suas características, até para para sanar as necessidades de aprendizagem e aproveitar as aptidões de cada aluno”, completou.

Em busca de uma qualificação mais especializada, professores e regentes participaram de assessorias com Maria Inês da Silva Vieira (PUC/SP), Daniel Choi, pós-graduado em Licenciatura em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina e Maria Cristina da Cunha Pereira, doutora em Linguística.

Digital

Além da capacitação com os especialistas, uma parceria da Prefeitura de São José dos Campos com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) estabeleceu formação sobre o uso das mídias digitais com fins educacionais.

A partir da parceria, criou-se um livro digital acessível a surdos com imagens e tradução/interpretação em Libras da fábula “O Leão e o ratinho”. Houve também a produção de um site, que conta com área do aluno e é possível acessar mais livros digitais criados pelos docentes da escola.

O portal tem ainda com avisos, área do professor, calendário de provas, horário de aulas, entre outros assuntos. Tudo isso com interpretação de libras pelos alunos da escola.

Com a finalidade de promover a interação entre todos os estudantes, os alunos ouvintes da Emef Maria Aparecida dos Santos Ronconi também têm acesso a língua de sinais, por meio de oficinas de libras oferecidas na escola pelos docentes interlocutores.

Setembro Azul

O mês de setembro é marcado por diversos eventos da comunidade surda. Eles são voltados para a conscientização sobre a acessibilidade e a comemoração das conquistas obtidas ao longo dos anos.

A razão do azul ser a cor-símbolo representa dois momentos distintos. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas identificavam as pessoas com deficiência com uma faixa azul no braço, por considerá-las inferiores. E os surdos também eram obrigados a usá-la. Com o fim da guerra e o passar dos anos, a cor passou a simbolizar ao mesmo tempo a opressão enfrentada pelos surdos e o orgulho da identidade surda.