Educação como criação


Fundador do primeiro jardim de infância, o pedagogo alemão Friedrich Fröbel (1782 - 1852), tem como característica primordial enfatizar o brinquedo e as atividades lúdicas de modo geral como maneira de relacionar a criança com a natureza, com o conhecimento e com o espírito.

A presença dos brinquedos que idealizou, na 33ª Bienal de Arte de São Paulo, SP, no segmento ‘sentido/comum’, com curadoria do espanhol Antonio Ballester Moreno, ilustra uma concepção do mundo em que o ato de brincar é visto como uma linguagem, pois, por meio dos jogos, são desenvolvidos gestos, sons, palavras e formas de se relacionar consigo mesmo e com os outros.

Fröbel criou diversos materiais para as crianças se expressarem, como blocos de construção. Com materiais como papel, papelão, argila e serragem, cada uma podia criar seu próprio mundo com liberdade. Além disso, atividades como o desenho e a música eram vistos como mecanismos de aperfeiçoamento do ritmo do corpo e da mente.

O princípio básico é que o brincar não coloca ideias na criança, mas extrai dela o que tem de melhor e amplia horizontes. Por meio de brinquedos, brincadeiras e jogos, cada uma delas poderia conhecer melhor o próprio corpo e os movimentos possíveis. Histórias, mitos, lendas, contos de fadas e fábulas, assim como as excursões ao ar livre para estimular o contato direto com a natureza, também multiplicariam os elos com o mundo, criando novas perspectivas de relações, sempre pautadas pelo ato de criar.

Em vez de ser visto como esponja receptiva, o aluno é considerado um propulsor de ações a partir dos objetos com os quais se relaciona. Brincando, coloca-se como ser portador de vontades e desejos, construindo a sua formação, entendendo mais e melhor o mundo que o cerca e propondo as suas soluções para as questões se apresentam.

O pedagogo alemão, portanto, com a presença de seus brinquedos educativos na exposição, ensina a nunca esquecer a importância de respeitar a criança enquanto ser humano. O educador, para ele, orienta com flexibilidade, municiando e recebendo informações no sentido de estimular o desenvolvimento de pessoas ativas, livres e criativas, capazes de, por meio de ações, jogos e do trabalho, criar relações e harmonia interior, com a natureza e com a sociedade.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.