Doutor da USP propõe uso mais ativo de dispositivos tecnológicos em aulas de educação física

Segundo Alan Queiroz, que estudou relação entre professores e aparelhos, há resistência dos docentes em implementar métodos com o uso das novidades da tecnologia


Uma pesquisa feita por um aluno de doutorado da Universidade de São Paulo (USP) mostra que os professores ainda não costumam utilizar ferramentas digitais nas escolas brasileiras, apesar das potencialidades que elas oferecem.

Segundo Alan Queiroz, que apresentou sua tese no final do ano passado na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), como a presença de dispositivos tecnológicos é intensa entre adolescentes e jovens contemporâneos, docentes de Educação Física poderiam incrementar suas aulas com o uso de celulares ou tablets, por exemplo.

O debate, segundo ele, está posto na faculdade de Educação Física desde que a Unesco, braço da ONU para a educação no mundo, estipulou um currículo (o MIL, sigla em inglês para Literacias de Mídia e Informação) de implementação da tecnologia em diversos ambientes educacionais.

O exemplo mais famoso no Brasil até agora é o da cidade de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, que implantou a plataforma de aprendizagem Google For Education em toda sua rede municipal. O projeto é tocado pela consultoria de tecnologia educacional Colaborativa e abrange cerca de 46 mil alunos e 2,3 mil professores. Segundo a prefeitura local, a maioria dos alunos da rede pública recebeu um tablet no começo do ano letivo. Afora isso, serão compartilhados durante o período 11,9 mil óculos de realidade virtual, 361 carrinhos de transporte dos novos computadores, além de telas e projetores para as aulas.

"Ainda hoje existe um grande eco em relação às novas linguagens dos dispositivos eletrônicos e a capacidade de assimilação pelas gerações dos educadores e seus educandos. Muitas vezes os papéis se invertem", escreveu Queiroz em seu estudo, salientando que acredita que há resistência dos docentes em incorporar os dispositivos nas práticas escolares. "A inclusão dos jogos digitais deve ser debatida por sua ludicidade, dentre outras características, presente em todos os jogos e que se materializa nas aulas de educação física", completou ele.

Para Queiroz, os professores de educação física brasileiros conhecem as plataformas digitais, mas não as utilizam em suas práticas profissionais.

"O Currículo MIL para formação de professores da Unesco ainda não é levado em consideração por esse público, resumindo a solução e respostas às suas demandas a buscas simples no YouTube. Eu proponho que o MIL como tema a ser debatido na rotina docente como opção estratégica para que a educação física siga contribuindo para a formação integral das crianças e jovens para a apropriação crítica da cultura contemporânea e uma participação realmente ativa", finaliza a tese.