Clássico de Agatha Christie ganha remake no cinema

Assassinato no Expresso do Oriente ganha segunda versão cinematográfica, mas não agrada a todos como a obra dos anos 1970


Um dos cânones entre os livros de Agatha Christie, Assassinato no Expresso do Oriente, publicado pela escritora britânica em janeiro de 1934, ganhou pela segunda vez uma representação cinematográfica: no final de novembro, o filme de mesmo nome foi lançado em todas as salas de cinema do Brasil, semanas após ser exibido nos Estados Unidos e na Europa (veja o trailer clicando aqui). 

É a segunda vez que o clássico de Agatha Christie se transforma em roteiro de cinema: antes, ele havia sido lançado em 1974 pelo diretor estadunidense Sidney Lumet. À época, o famoso detetive imaginado pela escritora, Hercule Poirot, foi interpretado pelo ator inglês Albert Finney, indicado ao prêmio de Melhor Ator pelo Oscar de 1975, mas que não teve a mesma sorte de Ingrid Bergman, a grande atriz sueca premiada pela Academia dos Estados Unidos como Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel como Greta Ohlsson, uma das suspeitas do assassinato-tema. 

Dois anos depois do lançamento do filme, Agatha Christie morreu em sua casa no interior da Inglaterra aos 85 anos, não sem antes expressar indiretamente seu descontentamento. “Ela sempre foi alérgica às adaptações de seus livros para o cinema, mas foi persuadida a transmitir um apreço em especial a esse”, escreveu a jornalista Gwen Robyns, autora de The Mystery of Agatha Christie. 

Segundo Robyns, apesar de tudo, Agatha havia manifestado uma única queixa ao filme de 1974 dirigido por Lumet: “Ela dizia que ‘o filme estava bem feito, exceto por um erro: Finney como meu detetive Poirot. Eu tinha escrito que ele tinha o melhor bigode da Inglaterra, e no filme Finney não tinha. Uma pena’”, escreveu. 

A insatisfação de Christie não foi suficiente para impedir o sucesso da fita, que arrecadou cerca de US$ 36 milhões nos Estados Unidos nos primeiros anos. Em 2001, foi a vez da televisão do país produzir um roteiro baseado no livro, quando a CBS lançou Assassinato no Expresso do Oriente com Alfred Molina no papel de Poirot. Outras adaptações foram feitas posteriormente nos EUA e no Japão. 

O filme de 2017, no entanto, traz Kenneth Branagh no papel do famoso detetive e um elenco repleto de estrelas de Hollywood, como Johnny Depp, Penélope Cruz, Michelle Pfeiffer e Willem Dafoe. Ao contrário da obra de Lumet, filmada em Paris, o filme dirigido também por Branagh se passa na própria Grã-Bretanha, com as principais imagens feitas em Londres. Até o final do mês passado, o filme já tinha arrecadado US$ 58 milhões nas bilheterias estadunidenses. 

A crítica não gostou do filme que, agora, chega ao Brasil. A prestigiada revista britânica Entertainment Weekly, por exemplo, publicou um artigo afirmando que o bigode de Branagh em Assassinato no Expresso do Oriente é “tão extravagante que parece falso”, mantendo a reclamação da própria Agatha Christie no filme de 1974. No Brasil, o site especializado Desencaixados, um dos primeiros a ver a fita, também criticou: “A refilmagem provou ser apenas um meio de tirar dinheiro dessa audiência que se acostumou tanto com o ordinário”. 

História

No livro original, o detetive belga Hercule Poirot, que aparece em diversos outros trabalhos de Christie, precisa resolver um assassinato de um homem de negócios estadunidense que aparece morto em um dos vagões do Expresso do Oriente, uma das linhas de trem mais luxuosas do mundo e que, no seu ápice, no começo do século XX, ligava Paris, na França, a Istambul, na Turquia.