Trazido para o Brasil em 1530 pelo português Duarte Coelho Pereira, o culto aos gêmeos Cosme e Damião chegou primeiro ao Nordeste. Os mártires tornaram-se padroeiros de Igarassu, em Pernambuco e logo, passaram a ser invocados para afastar o contágios de epidemias.
Em boa parte das cidades brasileiras, as ruas estão cheias de crianças (e até adultos) que perambulam atrás daquelas residências onde os moradores promovem doação de guloseimas. Tudo em em louvor à Cosme e Damião, os santos gêmeos.
Geralmente são pessoas que fizeram algum tipo de promessa, e se comprometeram fazer doações para as crianças, seja roupas, comida ou doces. São evocados também para a prosperidade e vale destacar que em algumas regiões, há um terceiro irmão cultuado: Doum!
Os santos são venerados na Igreja Católica como adultos. Mas a cultura afro-brasileira os associaram às crianças, a linha Ibeji. Daí então surgiu o costume de doar doces e balas no dia 27 de setembro, data em que os santinhos foram martirizados.
Crispim e Crispiniano representam a pureza e a luz das pessoas repletas pela fé Divina, lembrando a passagem de Jesus: "Aquele que não voltar a ser criança não entrará no Reino dos Céus".
Na Umbanda, Cosme e Damião representam a Linha das Crianças e protegem as criaturinhas pobres, abandonadas ou portadoras de doenças. Os santos praticavam a medicina na Síria, depois que perderam um irmão menor, Doum.
Sobre Cosme e Damião - Conhecidos como os "santos pobres", os gêmeos Cosme e Damião são venerados no Brasil, sendo o dia 27 de setembro dedicado à eles. Os irmãos chamavam-se, na verdade, Acta e Passio e teriam nascido no século IV na Arábia (mas, sendo filhos de pais cristãos). Ganharam popularidade por praticarem atos de cura na Síria, ilhas do Mar Egeu e Ásia Menor.
Desde crianças já tinham inclinação para a medicina. Suas curas, aliadas à seus conhecimentos científicos, era consideradas milagrosas e algumas fontes afirmam que eles estudaram medicina.
Passaram a ficar visados porque usavam a cura como uma oportunidade de levar o evangelho aos doentes e pessoas simples. Tinham muita afinidade com as crianças.
Essa atuação irritava o imperador Diocleciano – que na época era o maior perseguidor da doutrina cristã. Qualquer ato de cura ou medicina que não fosse proveniente do poder de Roma, era denominado como feitiçaria e associações com o demônio.
O martírio dos santos - Bons e caridosos, os irmãos teriam sido assassinados por ordem de Roma. Um relato diz que várias tentativas foram feitas para eliminá-los.
Na primeira, acusados de prática de curandeirismo e feitiçaria, teriam sido amarrados e jogados em um abismo, por tornarem-se inimigos dos deuses de Roma. Na segunda, tentaram afogá-los no Rio Tibre, mas foram salvos por um exército de anjos. Na terceira vez, os relatos dizem que tentaram apedrejá-los, mas as pedras voltavam para quem as arremessava.
Na quarta tentativa, os dois médicos foram degolados. Algumas fontes dizem esse martírio ocorreu na Síria. Após serem trucidados, fiéis providenciaram o resgate de seus corpos e os levaram para Roma.
Após o sepultamento de Cosme e Damião, dizem que os gêmeos começaram a aparecer materializados, praticando curas e ajudando, principalmente as crianças que eram vítimas de violência.
Hoje, são os patronos dos médicos e farmacêuticos e da Faculdade de Medicina. São também protetores de Orfanatos; Creches; Doceiras; Filhos em casa; e invocados contra males causados pela hérnia, peste e epidemias. Comes e Damião têm como emblema a caixa com ungüentos, frasco de remédios e a folha de palmeira.
Sincretismo Afro-Brasileiro - Cosme e Damião integram com distinção o Panteão Afro-Brasileiro, na vibração na Linha das Crianças ou Linha de Ibeji, a vibração da pureza. Na Bahia, a cultura africana está mais presente, onde foram identificados pelos povos Bantus como orixás crianças.
No dia 27 de setembro, é preparado um grande caldeirão de "carurú de santo" para os erezinhos, e o costume é convidar "sete meninos" - sete crianças desconhecidas, além de convidados na rua mesmo, de última hora para que se sirvam do prato.
Em quase toda a região Sudeste, o Dia de Comes e Damião é conhecido por haver distribuição de guloseimas para as crianças. Cada família que procura proteção e prosperidade tem o hábito de distribuir doces e balas durante sete anos ininterruptos.