Presidenciáveis mudam o tom e propõem trégua na campanha, após violência contra Bolsonaro

Uma mudança de posturas nos programas do horário eleitoral gratuito no rádio e televisão dará o tom da campanha nos próximos dias


Candidato Ciro Gomes (PDT) em campanha na feira de Caruaru (PB) no último dia 6Candidato Ciro Gomes (PDT) em campanha na feira de Caruaru (PB) no último dia 6 (Foto : Twitter do candidato)

O ataque sofrido na tarde de quinta-feira (6) pelo candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, gerou comoção geral e solidariedade entre os demais concorrentes na corrida presidencial. Isso será evidenciado a partir de agora, até um determinado período, pela mudança de posturas e estratégias nos programas do horário eleitoral gratuito pelo rádio e televisão.

Neste final de semana, as equipes dos demais presidenciáveis iniciaram uma série de reuniões internas para planejar o tom e os próximos passos da campanha. Candidatos que produziram propagandas eleitorais combatendo frontalmente Bolsonaro, como é o caso do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), avaliam dar uma "trégua" nos ataques a curto prazo.

O candidato Henrique Meirelles (MDB) manteve nesta sexta-feira (7) encontros com seu grupo político que devem se estender pelo fim de semana. Na semana ele postou um vídeo no Twitter pedindo que os eleitores não votem com "os olhos cegos pela indignação". A expectativa agora é que haja uma suspensão temporária do clima "belicoso" que vinha caracterizando a disputa. Essa é a mesma avaliação do entorno do presidenciável Ciro Gomes.

Juliano Medeiros, presidente do PSOL, disse que o candidato Guilherme Boulos manterá a sua agenda política com o objetivo de debater "propostas para o povo brasileiro". "O triste incidente desta semana não anula as enormes diferenças que temos. Bolsonaro segue candidato e nós continuaremos expressando as divergências no campo da política e das ideias, com o máximo respeito e transparência", declarou.

Candidata à vice na chapa do PDT, a senadora Kátia Abreu publicou um texto defendendo que a "linguagem da violência" seja superada e com críticas à radicalização. "É urgente desarmar os espíritos e direcionar a campanha para o debate de ideias. Além de investigar, esclarecer a motivação deste crime e aplicar severa punição. Eventuais divergências políticas não fazem de mim e Ciro Gomes, por exemplo, inimigos mortais. Ao contrário, elas nos complementam”, escreveu a candidata, no Facebook.

No centro do debate, o PSL sabe, desde que seu candidato foi gravemente ferido, que não poderá contar com ele nas ruas neste primeiro turno e também reavalia sua campanha. Num primeiro momento, os filhos de Bolsonaro, que disputam a Câmara e o Senado, chegaram a responsabilizar, em nota, "setores políticos e midiáticos” pelos violentos acontecimentos de Juiz de Fora.

O mesmo discurso tem sido adotado pela inflamada militância. Ontem, o candidato a vice, general Mourão, revelou que Bolsonaro lhe disse, em telefonema, que não era "hora de guerra", mas de acalmar os ânimos. Mourão e a família do presidenciável devem assumir sua agenda de compromissos pelo país e intensificar a campanha nas redes sociais.

Por sua vez, as assessorias de imprensa da candidata Marina Silva e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se manifestaram. A campanha do PT à Presidência, que deve escolher nos próximos dias o substituto do ex-presidente como cabeça de chapa, disse que não se manifesta sobre as estratégias políticas internas.

Com informações da Agência Brasil