Japão espera produzir primeiro caminhão elétrico do mundo

Mitsubishi já planeja colocar 200 unidades do eCanter no mercado em 2018; fabricantes dos EUA e da Alemanha fazem parte do projeto


A repartição de caminhões da fabricante japonesa Mitsubishi começou a produzir este ano, em parceria com a empresa estadunidense Bus Corp, o que foi chamado por elas de o "primeiro caminhão compacto elétrico do mundo produzido em massa".

Batizado de "eCanter", em referência ao já conhecido "Canter", que vende cerca de 100 mil unidades por ano no mercado global, o novo veículo foi desenvolvido com uma bateria de lítio que ainda teve a participação de engenheiros da alemã Mercedes-Benz. A expectativa de todos é que o automóvel chegue até 100 quilômetros por hora mesmo quando carregado.

A Mitsubishi já entregou 25 unidades do pequeno caminhão para cada uma das 70 lojas credenciadas no Japão, mas espera produzir mais de 200 unidades em 2018, fazendo com que o veículo chegue ao exterior no ano que vem. Segundo a fabricante, ele já é produzido quase totalmente em fábricas distribuídas pela ilha nipônica, mas com partes específicas de montagem vindas de Portugal.

O caminhão elétrico pode reduzir não apenas o volume de gás carbônico despejado na atmosfera, mas também o nível de vibração e ruído nas grandes cidades, que hoje convivem com veículos pesados movidos a diesel. Segundo a fabricante, ele ainda pode ajudar a reduzir custos de tempo de rodagem: a expectativa é que cada 10 mil quilômetros rodados custem € 1.000 (R$ 4,2 mil).

As dimensões do veículo foram projetadas para entregas em áreas urbanas cujas ruas são mais estreitas, como é o caso de Tóquio, capital japonesa. Além de menor, ele também é mais leve: 7,4 toneladas com capacidade para três pessoas.

O projeto faz parte de uma tentativa mundial de diminuir o tamanho dos veículos que fazem as entregas finais em áreas com fluxos intensos de pessoas, como é o caso do centro de São Paulo ou de Pequim, na China.

"Quando você observa o sistema de triciclos de Pequim, na China, utilizado para o último trecho de entrega de mercadorias, é possível pensar se aquele projeto não pode ser implementado no centro de São Paulo, na área em que só pedestres transitam. Hoje a distribuição de mercadoria naquela região é um desafio: caminhões têm dificuldade e existem restrições de acesso nos calçadões para distribuir produtos. Não poderiam ser usados esses triciclos?", afirma Alessandro Santiago, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

A capacidade da bateria - o que mais importa para os compradores - é de 66 quilowatts por caminhão (seis baterias com 11 quilowatts cada). Para carregá-la, o método será o mesmo usado normalmente nos veículos elétricos que já rodam no Japão: o plugue produzido pela Mercedes-Benz deve preencher toda a bateria em 11 horas em uma voltagem normal de 200 volts, mas que pode demorar até 1,5 hora em caso de tomadas com voltagens maiores.

Atualmente, é impossível estabilizar um sistema de produção de larga escala para o eCanter, o que torna mais difícil projetar um motor especificamente para o caminhão. A Mitsubishi reduz os custos de fabricá-lo usando motores industriais de máquinas de construção nas carrocerias do compacto.

"Quando o número de produção crescer, vai ser possível usar um motor feito exclusivamente para o caminhão, melhorando significativamente sua performance", explicou Kazuo Matsunaga, porta-voz da Mitsubishi, ao jornal nipônico Japan Today. "No futuro vamos se engajar no desenvolvimento de uma visão de fabricação de média e larga escala de caminhões elétricos", completou ele.

A Mitsubishi já é uma das maiores revendedoras de veículos do Japão, tanto novos - em mais de 100 países pelo mundo, inclusive no Brasil - quanto usados, para quem revende por meio de leilão de caminhões e de automóveis pela internet, para países do Leste Asiático, da África e do Oriente Médio.