Comandante do Sudeste preside comemoração dos 100 anos do Tiro de Guerra

A turma de 99 atiradores deste ano desfilou em frente ao palanque das autoridades


O Tiro de Guerra de São José dos Campos comemorou 100 anos de fundação na manhã desta sexta-feira (14), em solenidade à altura da data, com a presença do comandante militar do Sudeste, general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, e das principais autoridades militares e da região.

Prestigiaram a comemoração, realizada na sede da corporação, representantes da Prefeitura de São José dos Campos, da Câmara Municipal e de outras instituições parceiras do Tiro de Guerra. Familiares dos atiradores também compareceram.

Receberam menção especial os expedicionários Jarbas Dias Ferreira e Ercílio Santini, que combateram pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial. O primeiro-sargento Ailton César de Sales, chefe de instrução do TG, comandou o evento.

A chuva que caía desde o início da manhã parou durante quase toda a cerimônia, que teve início com a execução de hinos militares. Em seguida, usaram a palavra o sargento De Sales, pelo Tiro de Guerra, o vice-prefeito do município, e o general Ramos, que, após o pronunciamento, fez questão de apertar a mão de todos os 99 atiradores que estão sendo formados neste ano.

Na sequência, foi descerrada uma placa comemorativa do centenário, e o coral Clave de Deus, formado por crianças entre 6 e 12 anos, fez uma apresentação.

História

O Tiro de Guerra de São José dos Campos foi criado pela Lei Municipal 75, de 6 de setembro de 1918. Em 1942, a instituição contribuiu para a formação de um contingente da FEB, compondo um efetivo do 6º Regimento de Infantaria de Caçapava (hoje 6º Batalhão de Infantaria Leve Aeromóvel). A tropa foi a primeira do país a embarcar para combater na 2ª Guerra Mundial.

Mantido por meio de convênio entre o Exército Brasileiro e a Prefeitura de São José dos Campos, o Tiro de Guerra 02-037 já formou 15.302 atiradores. Enquanto a instituição militar fornece fardamento, munição, material bélico e instrutores, o Município oferece as instalações e se responsabiliza pela manutenção do prédio.

96 anos

Entre os muitos atiradores formados pelo Tiro de Guerra de São José presentes na solenidade do centenário, um se destacava: o expedicionário Jarbas Dias Ferreira. Lúcido, saudável e bem-humorado aos 96 anos de idade, ele foi saudado como o mais antigo atirador do TG ainda vivo.

Jarbas prestou serviço militar no TG na turma de 1938. Ele se recorda que a sede da instituição ainda ficava na rua 7 de Setembro, no centro da cidade. “A instrução militar era dada no Largo da Valeriana, hoje conhecido como Jardim do Sapo, a educação física na rua Antonio Saes, onde, alguns anos depois, foi construído o campo do Esporte Clube São José, e o estande de tiro ficava na área em que hoje está o DCTA”, conta.

Depois de concluir o serviço militar, Jarbas, a exemplo de todos os formados, recebeu o certificado de reservista de 2ª categoria. Isso o deixava longe de uma volta ao Exército, não fosse a 2ª Guerra Mundial. Enviado para a Itália co a FEB, ele combateu durante oito meses, participando das três campanhas brasileiras no país europeu.

Retornando ao Brasil como herói de guerra, Jarbas voltou à vida simples que levava, trabalhando na Tecelagem Parahyba e em uma bicicletaria que montou no centro da cidade.

Para o expedicionário, o segredo para uma vida longa e saudável é o bom casamento que mantém há 68 anos com dona Nair. “O segredo é viver em paz, não arrumar encrenca”, garante.

Jarbas sempre manteve vida bastante ativa. Há 50 anos, fundou a Obra Social Célio Lemos, entidade beneficente tradicional na cidade. Na mesma época, passou a colaborar com a Federação Paulista de Judô no Vale do Paraíba, onde até hoje exerce o cargo de tesoureiro.

“O Tiro de Guerra de hoje é completamente diferente daquele que eu conheci”, opina o mais antigo atirador. “É importantíssimo esse aniversário de cem anos.”