Mulheres já representam maior parte da demanda por produtos esportivos

Gigantes do setor começam a modificar linhas de vestuário e acessórios para se adequar às exigências do público feminino


Com a tendência cada vez mais palpável de aumento na demanda de produtos esportivos para mulheres, o setor já começa a se mexer para tentar se adequar a ela. De acordo com a consultoria de mercado estadunidense Nielsen, as empresas que estão oferecendo roupas, acessórios e tênis feminino já contabilizam ganhos significativos nas receitas.

Algumas gigantes do setor estão lutando para preencher a demanda das mulheres: a Under Armour, produtora estabelecida em Baltimore, nos Estados Unidos, que começou seus negócios com roupas de futebol para homens, algo próximo a um terço dos US$ 3 bi em vendas anuais vem de produtos vendidos para mulheres.

O fundador da companhia, Kevin Plank, foi também um dos apoiadores do chamado "womanifesto" (mistura das palavras "woman", mulheres em inglês, e "manifesto"). O objetivo é equilibrar o mercado de produtos esportivos entre homens e mulheres no futuro.

Liderada por suas divisões de mulheres, a Under Armour vendeu 24% mais em 2014, de acordo com a consultoria Euromonitor. Para os analistas da consultoria, o sucesso da marca entre as atletas jovens mostra a "força do futuro" da empresa. Naquele mesmo ano, a empresa lançou sua primeira campanha mundial dedicada à demanda feminina, usando atletas de elite como as principais patrocinadoras da marca, incluindo a bailarina Misty Copeland, a jogadora de futebol Kelley O'Hara e a surfista Brianna Cope.

"Grandes empresas estão vendo que o público está pronto, mais do que pronto, para vestir roupas que não apenas rosa e roxo, nem pequenas e curtas, mas funcionais e apropriadas para atletas e meninas de todos os tipos e estilos", afirma Judy Vredenburgh, presidente da Girls Inc., uma entidade não-governamental com atuação nos Estados Unidos.

"Mas a mudança é radical. Há muito reforço ainda ao redor do que foi tradicionalmente vendido", completa.

Nos Estados Unidos, mais de 19 milhões de mulheres jogavam basquete, futebol e vôlei em 2013, de acordo com os dados da National Sporting Goods Association (ASGA). A participação de mulheres nos esportes aumentou, em média, 50% ao ano na última década.

As meninas também possuem diversos exemplos a seguir: um deles é Mo'ne Davis, de 13 anos, que apareceu na capa da revista Sports Illustrated em agosto de 2014 depois de se tornar a primeira garota a fazer um shutout em um jogo de futebol americano na liga de mulheres. O outro é a ginasta Simone Biles, que conquistou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, há dois anos.

Há ainda a patinadora Mirai Nagasu, estadunidense com descendência japonesa, que se tornou a terceira em toda a história a fazer o chamado "Triple Axel", em que se dá três voltas no ar antes de cair no solo. Além de Nagasu, apenas outras duas estadunidenses conseguiram realizar o movimento com perfeição: Tonya Harding, em 1991, e Kimmie Meissner, em 2005.