Setor aéreo mira em ajuda de 6 bilhões do governo federal para retomada financeira

Governo planeja injetar dinheiro e se tornar sócio das companhias para ajudar na recuperação


O setor aéreo é um dos mais atingidos pela pandemia de coronavírus e deve ser um dos primeiros a contar com ajuda estatal para se recuperar. As três principais empresas da área devem receber uma injeção de R$ 2 bilhões do governo para restabelecerem suas atividades.

Com o fechamento de fronteiras nacionais, estaduais e internacionais, as empresas de aviação praticamente estão paradas desde o início da pandemia. Companhias do setor estão investindo na venda de passagens aéreas e incentivando os consumidores a planejarem viagens domésticas para o segundo semestre.

"Por outro lado, muitas vezes no caso de trajetos que não extrapolam as fronteiras do país, grande parte dos viajantes mantém a sua preferência pelo transporte rodoviário, pela praticidade e custo-benefício. Sabe-se que é possível adquirir facilmente uma passagem para Curitiba, por exemplo de São Paulo e outros estados."

Turismo nacional deve levar, pelo menos, um ano para se recuperar

Os números são alarmantes. Devido à pandemia, houve uma diminuição de 75% na demanda de voos domésticos e de 95% de internacionais. Segundo um estudo da FGV Projetos, o setor deve perder mais de 116 bilhões em faturamento neste ano, o que representa uma retração de 38,9%.

Em relação aos resultados do primeiro trimestre, a companhia Azul já se mostrava impactada pela pandemia. O prejuízo da empresa foi de R$ 975 milhões, potencializado pelo aumento dos custos.

Já a Gol manteve um resultado positivo, com um lucro líquido de R$ 351,9 milhões no mesmo período. Porém, a companhia também deve apresentar os primeiros efeitos negativos da pandemia no balanço do segundo trimestre.

Governo pretende virar sócio das empresas aéreas para ajudar o setor

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a estratégia do governo para recuperação do setor será a compra de uma fatia de ações das empresas aéreas para que a categoria possa atravessar a crise e se recuperar.

Na prática, o estado se tornará sócio das principais companhias aéreas do país neste primeiro momento. Num segundo instante, após a recuperação das empresas, o governo venderia suas ações.

Guedes explicou que o governo comprará debêntures conversíveis para injetar dinheiro nas empresas e se tornar sócio minoritário delas. Assim, com a recuperação das companhias no futuro, o governo venderia as ações e ainda ganharia dinheiro com isso, segundo o ministro.

Inicialmente era prevista uma ajuda de R$ 10 bilhões para as empresas, mas o montante caiu para R$ 6 bilhões. Os responsáveis pela operação serão BNDES, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander.

O valor será repassado às três principais empresas do setor, a Azul, a Latam e a Gol. Cada uma receberia R$ 2 bilhões do governo. Segundo fontes, a ideia é que 75% do montante seja injetado nas empresas por meio de debêntures e os outros 25% seriam convertidos em ações.

A família Constantino, controladora da Gol, dará a sua parte no investimento que deve ser feito pelo BNDES. Segundo o presidente da companhia, Paulo Kakinoff, os acionistas não são contra a intervenção estatal, mas a ação visa evitar uma posição muito diluída de suas ações.

Socorro de R$ 48 bilhões do governo deve ajudar principais empresas do país

A injeção de dinheiro nas companhias aéreas é apenas uma parte dos investimentos estatais para a recuperação da economia nacional. O governo planeja um plano de socorro de R$ 48 bilhões às principais empresas do país em diversos segmentos.

Além das companhias aéreas, empresas do setor de energia e do varejo devem ser socorridas pelo governo. O intuito é usar o BNDES e os bancos privados para injetar dinheiro para recuperação das corporações.

Seguindo a mesma linha, os investimentos devem ser em debêntures conversíveis, fazendo com que o governo e os bancos privados virem sócios destas empresas para ajudá-las a se recuperar. As negociações seguem em curso e medidas devem ser anunciadas pelo Ministério da Economia.