Crise no país estimula procura por oportunidade de renda extra

Brasil possui atualmente 13,1 milhões de desempregados


O Brasil passa, desde 2014, por uma turbulência econômica que reflete nos índices de desemprego do país. O baque foi grande na indústria e no comércio, e apesar de haver uma recuperação nesses números, ela ainda é tímida e influenciou pouco no contingente de desempregados.

Há pessoas, no entanto, que aproveitam essa época desfavorável para ter uma renda extra. Tatiane Agreste, 38, é funcionária pública na Secretaria de Segurança de São Paulo, e depois de ficar afastada por problemas de saúde, decidiu procurar novas alternativas de ganhar dinheiro e, assim, complementar sua renda atual.

Tudo começou quando a mãe apresentou a marca Herreira para ela. A partir de então, ela começou a pegar semi joias para revender. "Há pelo menos três anos, viramos representantes da marca", diz. A revendedora exprime extrema satisfação com o trabalho. "Além de ser uma delícia ver coisas novas, é a maneira mais prazerosa de ganhar dinheiro", conta.

A
 crise financeira até assustou um pouco as clientes, mas Tatiane afirma que não fizeram com que ela deixasse de vender. Quando as amigas ou clientes não podem comparecer pessoalmente para conhecer as novas peças, ainda há o Instagram e o site para poder fazer a compra à distância.

Taxa de desemprego no país
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupados entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018 foi de 12,6%, o que representa 13,1 milhões de pessoas sem emprego no país. A taxa de ocupação da pesquisa é medida com base nas pessoas que procuram trabalho e não encontram.

Houve um aumento de 0,6 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, movimento este já esperado por causa da dispensa de funcionários temporários das festas de final de ano. Foram mais 550 mil pessoas desocupadas nesse período, um crescimento de 4,4%. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, houve queda de 0,6 pontos percentuais na taxa de desocupados, já que na época a taxa de ocupação era de 13,2%. Se compararmos com o mesmo trimestre do ano passado, a queda foi de menos 426 mil pessoas nesta situação.

Em consequência também desse movimento de dispensa de trabalhadores temporários, é possível observar que, entre o trimestre setembro-novembro e dezembro-fevereiro, o Brasil perdeu 858 mil postos de trabalho, sendo 407 mil empregos no setor privado sem carteira e 358 mil no setor público.

Recuperação
De modo geral, pode-se dizer que as perspectivas econômicas para o ano de 2018 são positivas. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), por exemplo, prevê que 83% dos associados terão um aumento das vendas e encomendas. Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) vislumbra a abertura de 20.700 novos estabelecimentos comerciais neste ano.. Essa é uma expansão aguardada pelo setor, já que, entre 2015 e 2016, foram fechadas 226.000 por causa da recessão econômica.

Outro dado celebrado pelo mercado foi o fim da recessão econômica de 2015 e 2016, anos que amargaram a mesma queda de 3,5% no PIB (Produto Interno Bruto). Em 2017, de acordo com o IBGE, houve crescimento de 1% no Produto Interno Bruto, representando R$ 6,6 trilhões. O consumo das famílias teve alta de 1%, indicador que pode ser explicado pela melhora de alguns índices como juros e inflação.

Só o que falta, de verdade, é uma recuperação em relação ao emprego. Ao jornal El País, João Saboia, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que há recuperação, mas ela é lenta. "Sim, de fato vamos crescer mais do que no ano passado. A gente mal ou bem anda para frente, devagarzinho. Mas emprego é a última coisa a aparecer", informa o especialista.