Crescimento no PIB da construção civil reflete melhoras na economia

O setor apresentou números positivos durante o moderado crescimento econômico apresentado em 2019, projetando resultados ainda melhores para o próximo ano


Após cinco anos consecutivos apresentando quedas, o setor da construção civil vai fechar 2019 em alta. Até o fim de setembro o crescimento já havia atingido 1,7%, e a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) da categoria cresça 2% no total.

Essa representação de desenvolvimento econômico encerra a retração recorrente desde 2014, em que o PIB da seção contraiu 30%. Os dados, divulgados na primeira semana de dezembro, foram apurados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), com a colaboração da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ainda segundo a pesquisa, a melhoria registrada neste ano é consequência, especialmente, do consumo familiar, fator que puxou a participação das atividades institucionais para o segundo lugar.

Divisão do resultado em setores

O apontamento segmentou a composição responsável pela alta de 2% no PIB da construção, constatando que, de fato, o maior encarregado pelo aumento continua sendo a aplicação das famílias por meio da autoconstrução ? implica em obras novas ou reformas.

Outras três parcelas que assumem colocações mais significativas são: infraestrutura (1%), serviços especializados voltados para obras (2,5%) e, como citado, autoconstrução e reformas (3%).

A representação ínfima da parcela correspondente à infraestrutura é resultante das poucas obras de grande porte que estão sendo realizadas, condição induzida pela falta de recursos públicos destinados ao setor. O ramo de edificações, que compreende construções residenciais e comerciais (privadas), entretanto, ainda não floresceu. 

Apesar do resultado positivo, o reaquecimento desse mercado ainda não é considerado um reflexo inteiramente nacional, estando concentrando em poucas cidades centrais, como São Paulo.

Altos e baixos

No início de 2019, a Sinduscon-SP, juntamente da FGV, havia anunciado que a perspectiva de crescimento do PIB da construção civil seria em torno de 2%. Porém, no mês de maio, mediante às concepções de mercado e o decréscimo do PIB nacional, a projeção foi revisada, alterando-se para 0,5%.

Após três trimestres, contudo, o número expectado voltou para os 2%. A explicação está concentrada no desenvolvimento positivo de outros setores, além do aumento no consumo das famílias e da liberação dos saques referentes ao FGTS, que fomentou ainda mais as transações. 

Hoje, especialistas já mencionam um avanço mais próspero, revelando a percepção de que a crise no setor já é considerada algo relativamente superado. Alguns dados podem, inclusive, justificar a alegação: comparado com os 10 primeiros meses de 2018, o mesmo período de 2019 apresentou aumento de 1,59% na quantidade de pessoas empregadas no ramo, foram abertos 36,5 mil postos de serviço.

Em outubro, o setor já ocupava 2,41 milhões de trabalhadores com carteira assinada.  

Otimismo na indústria e projeções para 2020

Frente às tribulações política-econômicas, qualquer melhora é sentida com contentamento. Assim, o ano termina com a indústria demonstrando otimismo perante os sinais, mesmo que pequenos, de recuperação. Iniciativas como o controle sobre a inflação, a Lei da Liberdade Econômica, a homologação da reforma da Previdência e a redução da taxa básica de juros (Selic) colaboram para a animação de empresários e investidores. 

Para 2020, a projeção ultrapassa o desenvolvimento atingido durante o ano de 2019. A expectativa é que o crescimento do PIB da construção alcance 3%, verificando a aceleração contínua.

A principal potência, no entanto, continuará sendo oriunda do consumo familiar, seguindo os aspectos de retomada da economia nacional. Além disso, segundo posicionamento do Sinduscon, a previsão é que a construção civil ganhará ainda mais força após o início da edificação dos novos empreendimentos imobiliários residenciais, pois a atividade certamente fomentará a movimentação de insumos, serviços e, sobretudo, trabalhadores.