Confrontos policiais... e mortes

Confira a coluna do Coronel Vendramini


O Estado detém o poder de prender, julgar e punir autores de crimes. As competências no âmbito da justiça são de agentes públicos concursados para o exercício da função. Todavia, a política de segurança pública, aqui entendida como ações preventivas e repressivas, é de responsabilidade de agentes públicos eleitos pelo povo, e seus auxiliares nomeados para esse mister. Isso merece uma reflexão mais acurada.

No estado democrático de direito o voto popular é uma "autorização" expressa nas urnas, feita pela maioria dos cidadãos aos governantes , nas três instâncias federativas. Quando os níveis de violência e criminalidade atingem patamares insustentáveis, como é o caso do Brasil, esses agentes políticos são instados a reagir com seu aparato de segurança pública. Muito desses personagens políticos são eleitos com discursos e promessas de resolver o sério problema da insegurança  que reina no país.

O que resulta disso tudo é que não se encontra outra alternativa mais imediata e de visibilidade política a não ser armar as Polícias até os dentes.  Assim,  aumentam os efetivos,  adquirem equipamentos com tecnologia de ponta, compram viaturas especiais e helicópteros, investem em treinamentos de combate ao inimigo, atuam com veículos blindados em terrenos urbanos,  preparam atiradores de elite, buscam elementos de investigação mais modernos e  utilizam a chamada inteligência policial.

Do outro lado da moeda estão os bandidos, armados de fuzis, granadas e farta munição. As facções comandam o crime organizado e de dentro dos presídios partem as ordens para ações criminosas. Os redutos onde os traficantes montam seus " fortes" estão em áreas urbanas, densamente povoadas e conflagradas.  Homiziados em morros e aproveitando-se da geografia local, estabelecem uma espécie de guerrilha urbana do crime. E atiram para todos os lados. Nas cidades explodem bancos, mandando tudo pelos ares. Tomam cidades de refém e fazem os cidadãos de escudos humanos, para fugir da Polícia. Isso, apenas para citar alguns casos mais horripilantes do caos em que o Brasil está imerso.

Esses dois lados fortemente armados se encontram diuturnamente em algum ponto das cidades brasileiras. Pronto! Achamos os confrontos. Mas e as mortes? Ora, as mortes são a consequência mais funesta da troca de tiros em bairros com milhares de moradores transitando normalmente, como deveria ser a vida de todas as pessoas.  Nessa guerra urbana morrem policiais e morrem bandidos.

Porém, quando morrem crianças, jovens, mulheres, idosos, enfim, inocentes em geral, vitimados pela brutal violência instalada no país, toda a a tal política de segurança pública começa a ruir. A opinião pública movida por grupos de direitos humanos e instigados pela imprensa tendenciosa, empurra aquele agente político a retroceder. Afinal, é bom lembrar que periodicamente tem eleição. Mas não foi o povo que deu passaporte livre (voto) para a autoridade política agir repressivamente contra a marginalidade? Sim, diriam alguns, mas sem causar mortes de inocentes.

Isso seria possível diante do cenário aqui exposto?

CORONEL VENDRAMINI