Pode falar Cláudia!

Recomendado para quem quer começar a gravar vídeos.


Classificação: recomendado para quem quer começar a gravar vídeos

Recomendação: Leia o artigo e, em seguida, assista ao vídeo que está no final do texto. 

Há alguns meses, minha companheira havia feito nova amizade e eu já tinha reparado nos áudios frequentes pelo WhatsApp. Ok, pensei comigo, coisas de amigas tagarelas! Se não fosse um detalhe, só havia uma tagarela, a Lu, minha parceira. Ela sempre estava falando, falando, falando? eu mal conhecia a voz da Cláudia, sua amiga.Dia desses, sem querer querendo, a escutei gravando mais um de seus ótimos conselhos, enquanto ela passava hidratante nas mãos e tirava os pelinhos da sobrancelha esquerda. Não me pergunte como ela consegue fazer isso porque eu? Eu mal estaciono o carro e masco chiclete simultaneamente, mas ela? Ah ela consegue grandes proezas como essa.

Voltando ao áudio, ela dizia: _ Ah minha amiga, eu vi que você me chamou aqui, eu estava ocupada, desculpa. Como eu já sei o assunto, estou enviando esse áudio pra gente economizar tempo, né amiga?! Bom, o que eu vou te dizer, eu já te falei antes. Sei lá, pelo menos umas 237 vezes, mas enfim, lá vou eu de novo, sabe por quê. Porque eu gosto tanto de você que eu vou falar quantas vezes for preciso?

Eu saí de perto correndo. Não sabia se ria ou ficava preocupado. O que era aquilo? Um monólogo. A Lu bancando a exímia conselheira sem nem sequer conhecer a realidade da outra pessoa? Imagina? Minha mulher telepata? Lendo pensamentos alheios? Misericórdia, eu precisava, então, pensar melhor e direito.

Pensei, pensei, pensei e pensei em deixar pra lá e os dias foram passando. Porém, ontem, ela estava lá esparramada no sofá com aquele "arzinho" de graça. Perguntei a ela o motivo da felicidade e ela me respondeu orgulhosa definindo-se como um "coração bom", sentindo-se plenamente satisfeita por estar libertando a sua amiga daquela vida que, ela -  Luciana Maria Silveira Xavier, vulgo Lu, sim, minha digníssima esposa, julgava ingrata.

Voltei a ficar preocupado e comecei a ensaiar mentalmente algumas intervenções para abrir os olhos de minha parceira.

_ Meu amor, o que vivemos é a nossa versão da realidade?

Não, não daria certo, eu precisava ser mais direto ao ponto senão ela poderia pensar ser mais uma de minhas poesias elaboradas, segundo ela, sobre a vida.

_ Meu amor, o mundo é único e ao mesmo tempo plural para cada um de nós?

Pois é, eu realmente tenho dificuldades de ser direito, confesso.

Parei de ensaiar, olhei no fundo dos olhos dela e comuniquei com fervor e carinho: _ Meu amor, você é uma mulher objetiva, um pouquinho autoritária é verdade, mas só um pouquinho, coisa pouca, quase nada? Você toma decisões importantes com facilidade, muda os próprios rumos quase como quem troca de roupa?

Ok caro leitor, eu assumo, falei com mais carinho que fervor e alguns rodeios, é verdade, mas? O importante é que eu estava ali, inteirinho, querendo ajudar, então prossegui:

_ A sua amiga Cláudia, é como você? - perguntei.

_ Não, ela é o meu avesso. Gosta de detalhes e planejamento, por exemplo. - ela respondeu, sempre objetiva. "Ah, que ódio!"

Relatei a Lu que havia ouvido alguns de seus conselhos a sua amiga e destaquei que se ela estava insistindo na mesma mensagem por tanto tempo, talvez fosse hora de escutá-la ativamente para compreendê-la em sua realidade. Ela confessou emocionada que gostava muito de sua amiga, se sentiu culpada quando admitiu que realmente falava demais e escutava de menos. Mostrou-se desconfortável e prometeu que na próxima oportunidade colocaria um zíper na boca e um "sossega leão" em seus pensamentos para escutar a sua amiga de maneira empática.

Foi então que eu pensei comigo. Eu sou ou não sou um marido sensacional? Que homem, Brasil! Vida que segue... 

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