Na cidade onde morava, Aninha era conhecida como a menina tagarela. Ninguém mais tinha paciência de ouvi-la pois ela só queria saber de falar, falar, falar e não tinha interesse, ou talvez nem soubesse, ouvir as pessoas.
Por esse motivo Aninha tornou-se uma garotinha muito sozinha.
_ Aninha, as pessoas gostam e precisam ser ouvidas. - dizia o pai.
Aninha interrompia a fala de seu pai e disparava a falar.
_ Aninha, temos dois ouvidos e apenas uma boca? - alertava a mãe.
Aninha dava de ombros e já retrucava com os seus argumentos mirabolantes.
Na escola, a menina continuava a tagarelar.
_ Aninha, João tem quatro laranjas, ele dá duas a sua irmã, com quantas ele fica? - perguntava a professora.
Aninha respondia: _ Ah, professora! Eu não daria nenhuma, até porque não tenho irmão. Aliás, teve um dia? - e seguia tagarelando.
A professora chamava a sua atenção: _ Aninha, preste atenção no que o outro diz pois todos sempre temos muito a aprender.
Aninha nem ouvia e continuava a falar.
Seu melhor amigo, João, sempre tentava lhe contar algo, mas Aninha sempre o interrompia.
_ Aninha, hoje eu tô tão triste? - dizia João.
_ Ah Joãozinho e eu que nem tomei café, vim direto pra escola e outro dia? - respondia com pressa.
Assim era a protagonista de nossa história. Falava, falava, falava e não ouvia quase nada.
Até que um dia? a menina ficou afônica, isto é, completamente sem voz e no silêncio descobriu um mundo novo!
Em casa, ouvindo a sua mãe, conheceu o segredo do seu delicioso café.
Na escola, descobriu que João, seu melhor amigo, era muito bom em matemática.
Prestando atenção no que a sua professora lhe contava, soube que ela era mãe de um coleguinha, o Paulinho, o garoto mais quieto da escola.
Ouvindo seu Manoel, o dono do mercadinho, ficou surpresa e entusiasmada com as aventuras que ele lhe contou sobre o tempo que passou lutando na guerra em sua juventude.
Aninha se surpreendeu adorando ouvir as outras pessoas e aprendendo muito com elas.
Dois dias depois, a sua voz voltou e? Por incrível que pareça, a menina aprendeu a gostar de ouvir. Não deixou de gostar de falar, mas passou a gostar também de ouvir. Adorava perguntar e queria saber dos outros. Prestava atenção no que o outro lhe dizia. Com isso, as pessoas se aproximaram dela e ela ficou muito feliz.