Os Imbatíveis: Pelé e Garrincha

Armando Nogueira certa vez escreveu "o Pelé era um atleta e Garrincha um artista", sintetizando como essa dupla se completava, juntos eles nunca saíram de campo derrotados vestindo a camisa da seleção brasileira, com um aproveitamento impressionante de 90%.


 Pelé nasceu para o mundo do futebol no dia 28 de junho de 1958 na Copa do Mundo da Suécia e Édson Arantes do Nascimento a 17 anos antes em Três Corações-MG em 23 de outubro de 1940.
Atuou pelo Santos, Cosmos (EUA) e Seleção Brasileira, possui números contestáveis, mesmo assim, impressionantes em sua carreira, foram contabilizados 1.283 gols, destes, 1.191 foram com a camisa do Santos, no clube da baixada conquistou 32 títulos nacionais e internacionais, sendo o primeiro e único jogador a conquistar três Copas do Mundo.

Autor de feitos impressionantes, como 51 gols em 50 jogos contra o Corinthians, o clube que mais sofreu gols de Pelé; inúmeros gols de placa, como o que dizem ser o seu gol mais bonito num jogo contra o Juventus em 1959 que aplicou três "chapéus" inclusive um no goleiro completando a jogada de cabeça para o gol vazio; oito gols numa única partida, contra o Botafogo de Ribeirão Preto/SP válido pelo Campeonato Paulista de 1964, o Santos venceu pelo placar de 11 a 0; e os gols que ele não fez que ficaram imortalizáveis como o chute do meio de campo, na estreia da Seleção contra a Tchecoslováquia na Copa do México de 1970, na vitória do Brasil de 4x1. Quem não se lembra? Todos parados, jogadores e torcedores, atentos no destino da bola.

Em 2014 a FIFA e Revista France Football reconheceu seus feitos e entrega a Bola de Ouro de Honra. De acordo com sua edição de 60 anos que homenageou os craques do passado, destacou que de 1958 a 1964 Pelé foi acima da média, obteria tranquilamente sete Bolas de Ouro, Garrincha uma a de 1962 e Romário outra a de 1994, justo. Segundo a France Football, Pelé estaria disparo na frente do argentino Messi e do português Cristiano Ronaldo, ambos empatados com cinco Bolas de Ouro, reforçando a polêmica popular, dizem que os alguns jogadores do passado não jogariam no futebol atual.

Pelé despediu-se dos gramados brasileiros em 02 de outubro de 1974 num jogo contra a Ponte Preta, aos 34 anos, mas oito meses depois se transferiu para o Cosmos/EUA, atuou de 1975 a 1977 e se aposentou definitivamente do futebol ao fim do contrato com o time norte-americano.

Manoel dos Santos, o Mané Garrincha a alegria do povo, ganhou esse apelido porque adorava caçar esse passarinho na sua infância e juventude. Mané Garrincha nasceu no dia 28 de outubro de 1933 em Pau Grande/RJ.

Sabia como poucos do ofício de um ponta e o fazia com maestria, Nelson Rodrigues indagava: como marcar o imarcável? Pois é, parava a bola, balançava o corpo e passava o adversário, conduzia a bola até a linha de fundo, olhava a área e servir um companheiro melhor colocado para a finalização a gol, olhando Garrincha executar essa sua jogada típica parecia fácil e para ele era.

Numa entrevista a Milton Neves em 1982, ele explicou porque foi diagnosticado pelo psicólogo da Seleção Brasileira como louco, após um gol contra a Itália ele dribla o goleiro, o zagueiro e espera o mesmo levantar para driblá-lo novamente para depois fazer o gol. Um talento de jogadas incompreensíveis e maravilhosas.

Na Seleção Brasileira Garrincha fez 16 gols em 60 jogos, obteve 52 vitórias, 7 empates e 1 derrota. Conquistou duas Copas as da Suécia e do Chile, 1958 e 1962, respectivamente. Na Copa do Chile foi o protagonista e a grande estrela da seleção brasileira, após Pelé ter deixado essa edição por uma contusão.

Pelo Botafogo marcou 245 gols em 614 jogos em expressivos 12 anos, de 1953 a 1965. (campeão carioca de 1957, 1961 e 62; Rio-São Paulo 1962, 1964 e 1966). Também jogou pelo Corinthians (1966), Portuguesa/RJ (1976), Atlético Jr/Colômbia (1968), Flamengo (1968) e Olaria (1972).

Teve apenas uma única expulsão registrada na carreira, na semi final da Copa do Mundo do Chile em 1962 contra os anfitriões, por pouco não disputou o jogo final desta edição de mundial.
Faleceu em 20 de janeiro de 1983 no Rio de Janeiro, por complicações causadas pelo alcoolismo.

Os imbatíveis, Pelé e Garrincha nunca perderam um jogo pela seleção brasileira jogando juntos, foram 90% de aproveitamento em 40 jogos disputados, obtendo 36 vitórias e 4 empates. Em comparação a outras duplas campeãs como as da Copa dos Estados Unidos de 1994 Romário e Bebeto realizaram 24 jogos, obtiveram 17 vitórias, 6 empates e 1 derrota, aproveitamento de 70% e a dupla Ronaldo e Rivaldo da Copa Coreia-Japão de 2002 em 42 jogos, venceram 28, empataram 9 e perderam 5, obtiveram um aproveitamento de 66%.

Curiosamente, o primeiro e o último jogo da dupla Pelé e Garrincha foi contra a Bulgária. Na estreia da dupla a seleção brasileira venceu por 3 a 1 o jogo amistoso de preparação para a Copa da Suécia no Estádio do Pacaembu (18/05/1958), Pelé fez 2 gols. No último, outra vitória da seleção brasileira com gols da dupla, ambos de falta, em jogo válido pela Copa da Inglaterra de 1966. Entre esses dois jogos houve uma trajetória de vitórias e glórias dessa dupla.

Após 20 dias da estreia da dupla a Seleção Brasileira iniciou sua caminhada na sonhada conquista da primeira Copa do Mundo na Suécia, Pelé um adolescente de 17 anos e Garrincha um jovem mais experiente com 24 anos, ambos começaram o Mundial de 1958 na reserva por opção do treinador Feola, mas na terceira rodada no jogo contra a União Soviética, não teve jeito, ganharam a posição no time titular e foram à locomotiva que conduziu o Brasil na sua primeira conquista de uma Copa do Mundo.

Na Copa do Chile de 1962 Pelé se machucou e assistiu do banco de reservas Garrincha torna-se o grande protagonista dessa conquista.

E na Copa do México em 1970, foi a vez de Garrincha no Brasil ver pela televisão seu parceiro ser coroado o rei do futebol pela imprensa e opinião pública, trazer a Jules Rimet em definitivo para o Brasil e tornar-se o primeiro e único jogador a conquistar três Copas do Mundo.

Uma coisa é certa, pelos números não tem como contestar a dupla na Seleção Brasileira. Pelé e Garrincha são de fato os imbatíveis e seus feitos estão marcados para sempre na história do futebol mundial.