O roubo da Jules Rimet

O roubo da taça Jules Rimet na sede da CBF no Rio de Janeiro em 19 de dezembro de 1983, rendeu aproximadamente dois quilos de ouro, muito dinheiro, impunidade aos ladrões e aos dirigentes da CBF da época muitas explicações as autoridades. Como explicar, a original exposta e a réplica guardada?


Em 1970 no Estádio Azteca do México, a seleção brasileira sagrou-se a primeira tri campeã mundial de futebol e conquistava por definitivo a taça Jules Rimet. Venceu a Itália na final com um jogo coletivo fantástico e gestos com o de beijar a taça feito pelo capitão Carlos Alberto, Pelé ser coroado o rei do futebol e Jairzinho fazer gols em todos os jogos, ficaram marcantes na memória do torcedor brasileiro.

No Brasil, a massa de torcedores pelas ruas cantava: "todos juntos vamos pra frente Brasil, Brasil salve a Seleção" o refrão da canção Miguel Gustavo Pra frente, Brasil. Desde então a FIFA busca emplacar músicas em Copas, mas sem grandes sucessos. No entanto, nem tudo era festa, o povo brasileiro vivia tempos difíceis, de muita repressão em razão do contexto ditatorial da época.

A seleção brasileira havia conquistado anteriormente os títulos das copas da Suécia (1958) e Chile (1962), assim, com a conquista no México, o Brasil teve o direito de permanecer em definitivo com Taça Jules Rimet.

Havia uma regra a respeito da aquisição da taça, o primeiro país que conquistasse três edições de Copas do Mundo teria o direito de adquirir em definitivo a taça Jules Rimet. Fato era que o então presidente da FIFA Jules Rimet não acreditava que algum país pudesse pudesse ganhar por três edições da Copa. Atualmente as regras são outras, o país campeão leva uma réplica da Taça FIFA e a original fica guarda na Suíça.

No entanto, a largada havia sido dada pelo Uruguai, em casa, com a conquista da primeira edição de 1930 e 20 anos depois com a de 1950 no Brasil, protagonizando o maracanaço. A segunda a entrar na busca pela taça Jules Rimet foi a Itália bi campeão, em duas edições seguidas Itália (1934) e França (1938). Não podemos esquecer que as razões da interrupção do mundial de futebol de 1942 e 1946 foi a segunda guerra mundial, os momentos mais tristes, cruéis e marcantes do século 20.

O Brasil entra tardiamente na disputa pela taça Jules Rimet, após a paralisação, conquistou os Mundiais da Suécia (1958) e Chile (1962), no entanto, com a conquista no México (1970) após vencer a Itália pelo placar de 4 x 1, gols de Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto, o Brasil teve o direito de permanecer em definitivo com Taça Jules Rimet.

A taça, motivo desse texto ou melhor o roubo dela, foi inspirada em Vitória de Samotrácia que representa Nice a deusa grega da vitória (exposta no museu de Louvre/Paris), primeiramente quando entregue em 1929 foi chamada de Copa do Mundo e posteriormente renomeada em 1946 de Jules Rimet, em homenagem ao então presidente da FIFA. A taça tinha 30 centímetros de altura, aproximadamente dois quilos de ouro e quase quatro quilos no total. Dizia-se que foi feita em 90 dias pelo artesão francês Abel Lafleur a pedido do próprio Jules Rimet, que havia a necessidade de entregar algo a equipe vencedora.

Antes do caso brasileiro, houve dois casos noticiados de tentativa de roubo da taça. No primeiro caso ocorreu no período da segunda guerra mundial, a taça ficou desaparecida e estranhamente surgiu numa caixa de sapatos em baixo de uma cama na Itália. No segundo caso a taça foi encontrada numa moita por um cachorro na Inglaterra em 1966, após um sumiço repentino de um evento de exposição da mesma.

Estranho? A taça não era apenas cobiçada pelos jogadores, tinha muitas gente no mundo de olho no ouro da Jules Rimet.

O caso brasileiro foi o terceiro e definitivo, estranhamente, o quarteto era formado por três brasileiros e um argentino que resolveram se unir para conquista a taça, sem entrar em campo, sem se esforçar e tão pouco suar a camisa, mas sim surrupiá-la das dependências da CBF e derreter o ouro.

Havia treze anos que a taça Jules Rimet original ficava no interior de uma proteção de vidro a prova de bala, facilmente violado, porque, ficava preso numa moldura de madeira e exposta na sala da presidência da CBF no Rio de Janeiro, todos que tinham acesso a CBF, sabiam disso, inclusive um dos ladrões, .

O mais engraçado é que a réplica da taça Jules Rimet ficava guardada em um cofre. Dois dos três ladrões, assim, executam facilmente o plano e com a ajuda do argentino, derreteram o ouro da taça, que era o interesse dos ladrões.

O roubo da taça Jules Rimet ocorreu na noite de 19 de dezembro de 1983, também roubaram mais três troféus. O que intrigou as autoridades da época foi que a original ficava exposta num vidro fácil de violar e a réplica num cofre.

O episódio brasileiro da taça Jules Rimet, pela bizarrice dos fatos, rendeu boas risadas com as comédias Casseta e Planeta: a taça do mundo é nossa (2003) e Roubo da Taça (2016). O fato foi que o caso brasileiro do desaparecimento definitivo da taça rendeu aproximadamente dois quilos de ouro, muito dinheiro e impunidade aos ladrões e muitas, mas muitas, explicações dos dirigentes da CBF da época as autoridades.

Agora fico me perguntando, guardar a réplica no cofre e expor a original, de quem foi essa ideia genial?