Sonhos


SonhosSonhos Sonhar é algo interessante. Acho que toda pessoa alguma vez em sua vida sonhou, ou seja, aspirou, alguma coisa. Todo garoto sonha em ser astronauta, bombeiro, policial. No meu tempo de infância, todo moleque sonhava ser caubói, ter um cavalo branco e sair matando bandido pelas pradarias da vida. As meninas sonhavam em ser bailarina e casar-se com um príncipe encantado.

Mário Quintana disse certa feita que sonhar é acordar-se para dentro. É assim mesmo. E na maioria das vezes, sonhamos mais acordados do que dormindo. Lembra-se da frase de Hamlet? “Dormir... dormir... talvez sonhar...”

Lojinha Peregrinos de Félizes os que sonham, acordados. Pois quando a pessoa para de sonhar, perde o brilho do olhar, definha-se. Paulo Coelho tem uma frase que define bem tudo isso: "O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar, e correr o risco de viver seus sonhos”.

Vamos sonhar, portanto, sonhar alto, os mais belos sonhos do mundo. Miremos a Lua, pois mesmo que não a alcancemos, ainda assim estaremos entre as estrelas.
Chico Buarque nos brindou com uma letra magistral para a canção “Sonho impossível”, lindamente interpretada por Maria Bethania, uma verdadeira obra-prima:

"Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão...

Eu, particularmente, tenho algo comigo, um dom, sei lá, que não sei explicar – quem souber que me ajude. Às vezes “recebo”, não sei se o termo correto seria esse, em minha mente textos completos, com começo, meio e fim. Estava no meu trabalho recentemente quando, em meio às minhas tarefas, “recebi” uma poesia pronta. Uma poesia composta de seis sextilhas (estrofes onde se rima o primeiro verso com o segundo, o terceiro com o sexto, o quarto com o quinto). Só tive o trabalho de digitar. Cinco minutos depois a poesia estava pronta, salva no meu computador. E voltei às minhas tarefas normais.

Há alguns anos sonhei uma história completa em forma de conto. Ao acordar, anotei tudo no papel. Guardei essas anotações por alguns anos. Semana passada encontrei esse material dentro de um livro e passei o conto para o papel. Li, reli tudo aquilo e fiquei com uma sensação de que em sã consciência não escreveria aquele texto, que me foi dado de presente em uma noite de sonhos.

Só não me pergunte por quem, que eu também não sei dizer...

Como na “Romaria” de Renato Teixeira, “É de sonho e de pó / O destino de um só / Feito eu perdido / Em pensamentos...”
Camões Ribeiro do Couto Filho é jornalista, escritor e pedagogo, pós-graduado em Jornalismo e Assessoria de Imprensa. E-mail do autor: camoesfilho@bol.com.br