De graça? Nem injeção na testa...


A internet é um lugar incrível, não é? A maioria dos sites e serviços que acessamos por aqui são de graça! Em um mundo em que as coisas cada vez menos são gratuitas, viver na internet é um alento, certo? Bom, não é bem assim...

Em primeiro lugar as redes sociais, sites de notícias, portais de informação e etc. usam a publicidade como fonte de renda, caso não cobrem nada – o que é o mais comum, apesar de alguns jornais estarem “barrando” a um número limitado de reportagens para não assinantes lerem de forma gratuita (o que, perdoe-me a franqueza, é um contrassenso, mas, não sou eu quem cuida das finanças deles, né? E nem é o foco da coluna de hoje, então, segue o jogo...).

As publicidades que aparecem nos sites são revertidas como fonte de renda, mas, basta estar ali? Bom, depende do contrato firmado entre a empresa que faz sua divulgação e o veículo, mas, normalmente, não é este o funcionamento usual; o mais comum é que a empresa que faz a publicidade pague por cada clique em seu anúncio, o que faz com que o site tenha que mostrar publicidades boas o suficiente para que o usuário clique e acesse, só assim fazendo com que o site seja pago e possa sobreviver.

Talvez você esteja pensando, neste momento, que isso é um tanto arriscado, afinal, como ter certeza de que um anúncio irá atrair pessoas suficientes para que o site possa ter lucro e, assim, continuar funcionando, certo? Você não está errado, isso é realmente um ponto muito importante da publicidade na internet, e é precisamente aqui que a expressão “não existe almoço grátis” começa a valer...

Serviços como “Google Adsense” (link – https://goo.gl/4gpWUY) trabalham exatamente com esta ideia, direcionando publicidades que possam ser mais interessantes para cada usuário e, com isso, aumentando a probabilidade de que os usuários cliquem no anúncio e gerem receita para o site.

Mas como ele sabe o que é, ou não, mais interessante para mim? Ou para você? Ou para o seu amigo? É aqui que entra a chamada “mineração de dados”, o que isso significa? Bom, o termo quase responde por si só, mas ela funciona assim: o seu uso da internet gera “dados”, ou seja, “pegadas digitais”, vamos fazer uma generalização simples e assumir que os serviços mais usados por você sejam os seguintes: Facebook, WhatsApp, Google e Gmail, bom, o Facebook e o WhatsApp têm como dono... o Facebook! Enquanto o Google e o Gmail são do... Google!

Com esse cenário, imagine a seguinte situação: no Facebook você coloca aquilo que gosta e não gosta, curte publicações de diversas pessoas (e empresas – também é uma forma de publicidade, e muito eficiente! Mas deixemos para outra coluna); no WhatsApp conversa com pessoas e, atualmente, até com serviços, afinal já é possível até pedir Pizza pelo aplicativo; No Google, Ah! No Google você pesquisa TUDO! Qualquer dúvida, qualquer fato e... qualquer produto em que possa estar interessado. No Gmail você recebe publicidade por mala direta, o que é um saco, eu sei, mas, às vezes você vê algo que gosta e você clica e vai ver preços e etc.

Tudo isso que eu falei no parágrafo anterior gera os chamados “dados” ou, como eu havia chamado, sua “pegada digital”, e você fez isso usando produtos de Google e Facebook, que são serviços que também geram receita através da exploração de publicidade (os dois são gratuitos, não é mesmo?). O que é, então, a “mineração de dados”? Bom, nada além de “minerar”, ou “estudar” os dados que você gerou enquanto navegava na internet e, com isso, verificar quais publicidades podem ser mais interessantes para você, oferecendo, desta forma, anúncios que chamem sua atenção e ganhem o seu clique... e nós já vimos que o “clique” é o que vai gerar a receita de sites, não é? E o Google, através daquele serviço que eu mencionei (Google AdSense) vende “publicidade” para sites, utilizando a própria mineração dos dados para oferecer anúncios interessantes a quem acesse aquele local que não tem as mesmas condições de “minerar dados” que o Google possui (até o Facebook já foi cliente do Google, mas hoje eles tem um serviço próprio para vender publicidade, o Facebook Ads), como blogs ou sites menores (que são maioria na internet).

Nunca se perguntou por que, depois de acessar aquele site de eletrônicos procurando um celular novo, não pararam de aparecer anúncios sobre... celulares? Ou, procurando por qualquer outra coisa, os anúncios eram sempre sobre aquilo que você tinha pesquisado?

Ah, vale dizer que isso não é exclusividade de serviços da internet, uma grande rede de comércio norte-americana (chamada Target) descobriu que uma adolescente estava grávida antes do pai dela – e consegue descobrir que as demais clientes estão grávidas somente baseando-se nas compras realizadas por elas... Incrível – ou assustador, você escolhe –, não é?

Bom, sabendo de tudo isso... e agora? Paro de usar a internet?

Calma! Não precisa se desesperar nem nada do tipo... a internet, os sites e etc., precisam disso para sobreviver e, na maioria das vezes, não é nenhum malefício esse tipo de situação... e até é positivo, afinal nós não precisamos tirar dinheiro do nosso bolso para nos divertir na rede mundial de computadores... mas, como a ideia desta coluna é esclarecer os “mistérios” da internet, é sempre bom saber que “no serviço gratuito, o produto somos nós” e lembrar que no mundo, “grátis” nem a injeção na testa...


Fontes:
http://www.forbes.com/sites/kashmirhill/2012/02/16/how-target-figured-out-a-teen-girl-was-pregnant-before-her-father-did/#622fd83034c6
http://olhardigital.uol.com.br/noticia/varejista-norte-americana-descobre-gravidez-de-clientes-com-a-ajuda-de-software/24231